Estava a toa na vida, o meu amor me chamou... Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor... A minha gente sofrida, despediu-se da dor... Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor...
O homem sério que contava dinheiro, parou... O faroleiro que contava vantagens, parou... A namorada que contava as estrelas,... Parou para ver, ouvir e dar passagem...
A moça triste que vivia calada, sorriu... A rosa triste que vivia fechada, se abriu... A meninada toda se asanhou... Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor...
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou... Qu'inda era moço pra sair no terraço e dançou... A moça feia debruçou na janela... Pensando que a banda tocava pra ela...
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu... A lua cheia que vivia escondida, surgiu... Minha cidade toda se enfeitou... Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor...
Mas para meu desencanto, o que era doce acabou... Tudo tomou seu lugar, depois que a banda passou... E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor...
(Chico Buarque de Holanda)
Sem comentários:
Enviar um comentário